Yola Vale
10 de Março a 21 de Abril
Curadoria
César Correia
Design
Viviana Mesquita
Fotografia
Pedro Martins
Obras
mar MEDITERRANEUM mortis, 2023 (Díptico)
Mural cerâmico em grés chamotado branco e negro, vidrados,
fio norte e tubo metálico.
Com esta obra a artista procura refletir sobre a realidade dos emigrantes que fogem de zonas de guerra, regiões onde há fome, países onde há forte xenofobia e racismo, em procura de melhores condições de vida.
O mar Mediterrâneo tem sido, nos últimos anos, uma das rotas preferenciais, utilizadas por estes emigrantes para fugir a uma vida de miséria, tentando melhor sorte no continente europeu. Com este mural cerâmico, um díptico, a artista pretende espelhar as duas realidades do mar Mediterrâneo. Por um lado, o mar calmo, sereno, de águas azul-turquesa e praias paradisíacas; por outro lado, o mar onde morrem milhares de migrantes todos os anos ao tentar a sua sorte em travessias sob condições, de uma dificuldade extrema, e, inumanas.
O mural negro, com uns apontamentos de azul-turquesa que podem representar a esperança, pretende refletir as dificuldades, as ameaças e, até mesmo a morte, enfrentadas pelos migrantes. Enquanto o mural azul-turquesa reflete o mar Mediterrâneo mais conhecido pelos europeus, um mar calmo, um mar que se torna destino de férias e veraneio, praias de águas cristalinas, de paz, de conforto e símbolo de qualidade de vida.
NO MORE WALLS, 2016
Mural cerâmico em grés chamotado, fio norte e tubo metálico.
Nesta obra a artista chama a atenção para os novos muros que se têm construído, um pouco por todo o mundo para impedir a passagem de migrantes.
Em 1989, com a queda do muro de Berlim, no coração da velha Europa, com a queda da União Soviética, a união das duas Alemanhas e o fim da Guerra Fria, o mundo, em geral, entrou num frenesim de otimismo e energia positiva que fazia antever um futuro de prosperidade e felicidade nunca antes vistas. Passados vinte anos a energia positiva deu lugar ao ceticismo, ao ressurgir de velhos fantasmas e com estes a construção de novos muros. Os muros na Cisjordânia, na fronteira entre o México e os Estados Unidos da América, os muros que separam os enclaves espanhóis de Melilha e Ceuta do território marroquino e, mais recentemente, entre a Hungria e a Sérvia outro muro foi construído, todos destinados a travar migrantes que procuram melhores condições de vida.
NO MORE WALLS, de 2016, com a sua intrincada união de vários elementos cerâmicos é uma chamada de atenção, da artista, para esta “nova” realidade de construções que se destinam a afastar humanos de outros seres humanos que apenas pretendem encontrar uma vida melhor. Os humanos, sendo humanos, neste século XXI, deveriam derrubar todo o tipo de barreiras, viver em paz, harmonia e maior comunhão. A obra expressa o desejo da artista de poder viver num mundo livre, sem segregação e exclusão.
GRIGRÍ 1
Mural cerâmico em grés, fio norte e madeira.
Em GRIGRÍ 1, a artista procura refletir sobre a importância da utilização de amuletos e talismãs na cultura africana. Amuletos e talismãs servem, não só, de uma forma geral, para trazer sorte ao seu portador, mas, também, para sua proteção. Com esta obra a artista reflete, principalmente, sobre o caracter protetor daqueles artefactos. A tridimensionalidade desta obra assemelha-se, ou faz-nos imaginar, uma parte de uma armadura que protege o seu utilizador. Os elementos de madeira presos, pelo fio norte, aos diversos elementos cerâmicos, transportam-nos para cenários de conflitos tribais podendo servir, tanto, como armas de agressão como armas de defesa.
GRIGRÍ 2
Mural cerâmico em grés, fio norte, fio de sisal e madeira.
Com GRIGRÍ 2, a artista procura transportar o observador para um meio mais espiritual da cultura africana, duma cultura tribal. Aqui, procura-se refletir a importância do uso de amuletos e talismãs nas diversas culturas e formas de espiritualidade que se encontram no, muito rico, continente africano.
Esta obra, em cerâmica contemporânea, tem, ela própria, um aspeto de objeto de culto ou, ainda, um aspeto de objeto sagrado ou de divindade tribal, que poderia ser adorado e a quem povos africanos poderiam pedir proteção.